Na EXPRESSO: Conversa Franca com Aninha Ferreira aborda “Sobre RESISTIR”

Publicado em sábado, setembro 8, 2018 · Comentar 


Sobre RESISTIR – Por Aninha Ferreira

“Você nunca sabe a força que tem, até que a sua única alternativa é ser forte” – eis a mais pura verdade. Quando a gente procura chão e não acha, quando o mundo decide fechar todas as portas na nossa cara, quando nos abandonam e a vida parece sambar de salto 15 em nossas feridas, é que percebemos a força que temos para continuar. Em momentos assim, em que parecem cobrir nossos olhos com uma malha escura e grossa, há duas soluções: a entrega ou a luta. A decisão é nossa. Eu sou dessas pessoas que lutam até o fim e eu desejo que você também seja. Eu sei, nem sempre é fácil persistir, mas se eu vejo a bendita luz no final do túnel, se algo me impulsiona a continuar tentando, eu não paro. A minha teimosia em viver meus sonhos não permite que eu aceite alguns “nãos”. Mesmo que eu vá e volte mil vezes, mesmo contrariando alguns, mesmo que isso me deixe algumas cicatrizes, eu vou desenhando outros caminhos, refazendo e recomeçando cem vezes num mês. Coisa de gente que bota fé naquilo que quer, que arregaça as mangas e repete para si mesmo: “Eu posso. Quem foi que disse que não?”.

É que eu acredito na vida, acredito no retorno daquilo que ofereço, acredito num Deus que é, acima de tudo, o meu Pai. Na realidade, eu acredito em tudo aquilo que é bom, que faz o bem, que emana boas energias e deixa a alma tranquila e feliz. Se você pratica a bondade com quem quer que seja, se você, feito um louco para alguns, procura a menor vantagem na maior desvantagem, se você corre ferozmente em busca dos seus objetivos, senta aqui, colega, que estamos juntos nessa! Não importa qual o nome que você dê para aquilo que te guia neste mundo, o que importa mesmo é que você se apegue a isso e continue… continue o seu caminho tantas vezes flor, tantas vezes espinho. Isso não é coisa de gente iludida, é coisa de gente otimista, de gente que prefere agradecer pelo que tem ao invés de ficar o tempo todo reclamando do que não tem, pesando os dias e piorando o que já não está tão bom assim. Entre tantas pedras, cobras e leões, ou alimentamos a nossa fé ou estaremos perdidos.

Algumas vezes, a vida dá uma sacudida na gente, dessas que desmontam todas as nossas certezas. Uma demissão, o fim de um relacionamento, a partida definitiva de alguém muito importante para nós, enfim, momentos em que a gente se perde em meio ao caos e pensa: “e agora?”. Nem sempre as coisas acontecem do jeitinho que a gente planeja. Nem sempre a gente consegue acertar, ir pelo melhor caminho ou menos doloroso. E então, em meio ao tumulto, tudo fica maior do que realmente é, e o fundo do poço é logo ali. Mas não. É só mais uma lapidação, um “acorda para a vida” tão necessário muitas vezes. Daí, mesmo que a gente nem saiba direito por onde ir, mesmo que as pernas travem e a lágrima caia, a vida segue acontecendo, Deus continua agindo. Assim mesmo, no gerúndio.

Embora adultos e repletos de experiências, sempre estaremos evoluindo, sempre estaremos errando e acertando em pequenas ou grandes proporções. O que muda mesmo é como lidamos com o que nos acontece; o que muda é o nosso olhar diante daquilo que aparentemente não tem mais jeito. Mas tem. Sempre tem. Jamais seremos os mesmos após algumas quedas, algumas coisas e pessoas talvez possam ir embora nesse amontoado de erros e acertos, mas outras chegarão e estaremos mais preparados para cuidar delas. É natural o medo inicial, a revolta, o desespero. É natural que pensamentos ruins cheguem sem convite algum, mas é indispensável que saibamos contorná-los, vencê-los. Afinal, somos o que fazemos e não o que pensamos.

Acredito muito que nada é em vão. Se não for benção é aprendizado, uma chance de fazer diferente. Um dia, tudo fará sentido. Portanto, que a gente saiba caminhar entre as pedras que tendem a desequilibrar a nossa estrutura. Que a gente aceite com sabedoria as consequências dos nossos atos/erros e não se torture, não fuja, mas, cresça. Evoluir – isso é importante demais. Que a gente não desista, não pire, e consiga extrair o lado bom da tempestade. A luz acesa no final do túnel não é utopia. Tudo passa, tudo se ajeita, mesmo que no momento pareça ruim e pesado demais. Nenhuma palavra ou exemplo ensinam mais do que uma lágrima na madrugada; uma cicatriz na alma. Quem planta cebolas, jamais colherá morangos. E cada colheita nos ensina a plantar melhor. A vida segue, linda e justa, sempre nos dando a chance de recomeçar. Resista!

Publicado na Edição Impressa nº 40
Julho/Agosto-2018

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