06/04/2018: Dia de trevas e de resistência

Publicado em domingo, abril 8, 2018 · Comentar 


Como estudante de História tenho consciência de que os acontecimentos históricos não se repetem. No entanto, dentro da batalha todo soldado interroga suas crenças. Eu também me interrogo sobre a tragédia cíclica dos golpes de Estado no Brasil. Em 2014, quando entrei no curso de História do campus III da UEPB, não imaginei que presenciaria, ainda no curso, esta conjuntura obscura.  Dias em que líderes de movimentos sociais e defensores dos direitos humanos são assassinados e cujo sangue desperta risos e piadas. Dias em que a miséria e a violência é naturalizada. Dias que a revolta é seletiva. Neste caso, hipocrisia é uma palavra dura, mas necessária.  Eu que achava que o sangue de João Pedro Teixeira, derramado em 1962, aplacaria a sede de uma ”elite do atraso” que ainda sonha com a escravidão e despeja ódio a todos aqueles que não tiveram oportunidades e privilégios.

Me lembro do professor Carlos Adriano falando, com muita tristeza, sobre os acontecimentos pós golpe de 2016. A aula era sobre o livro ”A Estranha Derrota” de Marc Bloch; hoje eu sei como aquela aula fazia (e faz) sentido e entendo melhor as palavras de Bloch; hoje vejo os professores na rua gritando o nome de Lula, postagens em defesa do ex presidente.  Acho que a pergunta que atormenta é: por que resistir? vale a pena? A resposta é simples e desagradável para alguns: membros da cúpula militar falando em intervenção militar para salvar a ”democracia”, assassinados sendo alvo de piadas, pessoas espalhando ódio e se auto declarando representantes da família tradicional brasileira. Resistir, neste caso, não é opção. É obrigação. Hoje é um dia de trevas, mas também um dia de resistência.

Júlio Cesar Miguel 
Acadêmico de História
Contato com a coluna:  julio543543@outlook.com

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