Revista nacional publica matéria de jornalistas paraibanos sobre ensino sob lona em Areia

Publicado em sábado, março 10, 2018 · Comentar 


A situação das crianças da cidade de Areia, no Brejo paraibano, que estudam embaixo de uma lona preta, virou notícia na imprensa nacional. A renomada Revista Carta Capital trouxe na edição desta sexta-feira (9), uma reportagem especial assinada pelos jornalistas paraibanos Joelma Alves e Hyldo Pereira.

Os repórteres foram até zona rural de Areia para conhecer a situação caótica de 50 crianças que estudam em uma escola improvisada feita de bambus, lona e usam cadeiras e mesa de plástico.

Os jornalistas percorreram mais de 200 km para descrever como um grupo de crianças estuda pensando em um mundo melhor.

“Recebemos a pauta e fomos em busca de contar histórias. A gente foi até a cidade de Areia e encontramos crianças pobres em um lugar totalmente adverso. O cenário mais parecia um acampamento. Quando a gente abriu a lona, encontramos as crianças estudam e atentas as orientações das professores. A dedicação delas nos emocionou e transcrevemos para o papel o que a gente encontrou”, disseram os jornalistas Joelma Alves e Hyldo Pereira.

Um fato que chamou atenção foi a resistência dos pais em deixar o local. “A gente encontrou os pais das crianças a espera dos seus filhos. Eles não aceitam serem transferidos porque não perder a identidade do campo.  A mudança de escola das crianças traz transtornos para os pais. Apesar de tudo, o prefeito está irredutível com a reabertura da escola e afirma que fechará mais uma”, disseram os repórteres.

Golpe certeiro da Prefeitura de Areia levou 50 crianças à Lona

O ensino sob lona é a realidade dos estudantes matriculados na Escola Maria Emília Maracajá, fechada após 32 anos de funcionamento no Sítio Engenho Cipó, em uma comunidade formada por pequenos agricultores. Os pais improvisaram a estrutura ao fundo da escola que foi fechada no mês de janeiro deste ano. São pouco mais de dez metros quadrados coberto pelas lonas e três salas de aula com as turmas da pré-alfabetização e do 1º ao 4º ano do ensino fundamental.

Isabele Fernandes, de 7 anos,  sonha em ser professora. Assim como ela, José Cauã, 9, também tem o mesmo sonho. Os dois são filhos de agricultores e alunos da escola fechada. Mesmo com todas as dificuldades e a incerteza da possibilidade de estudar, José Cauã não desanima e diz que um dia vai ser professor de capoeira. “Sinto falta de uma sala melhor, quando chove aqui parece um rio. Mas eu venho todos os dias porque quero ser professor de capoeira”, disse o garoto.

O agricultor Luciano Firmino foi aluno da escola Emília Maracajá e ainda procura entender o porquê do fechamento da unidade. “Essa escola tem uma história. Queria ver meus filhos, assim como eu, também crescer dentro da unidade. Não vamos perder a nossa identidade do campo. Apesar da prefeitura disponibilizar ônibus para o transporte, a gente não aceita. É a nossa dignidade sendo ferida”, desabafou.

Da Redação 
Com Portal do Litoral 

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