Vencedora do Nobel de Medicina revela quais são os fatores determinantes para o envelhecimento

Publicado em quinta-feira, agosto 3, 2017 · Comentar 


Sabe aquela sua amiga que já passou dos 40 mas não aparenta mais do que 30? Ou aquele conhecido que, depois dos 60, tem mais disposição do que muito garoto na pelada do fim de semana? A Ciência está cada vez mais perto de descobrir o “segredo” deles. E sim, tem a ver com genética, mas não só com ela.

Mas o melhor: mesmo que hoje você esteja no grupo dos que se sentem “acabados” para a sua idade, ainda dá tempo de consertar. Isso porque, por trás da forma como envelhecemos, estão os telômeros. De nome engraçado, os telômeros são a parte mais extrema de um cromossomo. Uma forma mais fácil de entender: se um cromossomo fosse um cadarço de tênis, os telômeros seriam aquelas pontas de plástico que impedem que os fios se soltem.

Vencedora do prêmio Nobel de Medicina em 2009, a americana Elizabeth Blackburn, de 68 anos, é das maiores especialistas no mundo sobre o assunto. Ao lado da psicóloga Elissa Epel, ela acaba de lançar o livro “O segredo está nos telômeros” (Planeta), que ensina como cuidar das suas células.

Presidente do Salk Institute, instituição de ponta em estudos biológicos, Elizabeth explica que uma das descobertas mais surpreendentes sobre os telômeros não é somente o seu impacto decisivo no envelhecimento, mas também o fato de serem capazes de se regenerar e até mesmo de aumentar de tamanho ao longo da vida.

— A informação sobre os telômeros e seus efeitos não é apenas interessante, mas motivacional e útil. Antes, apenas aqueles que liam artigos científicos sabiam da história toda — defende Elizabeth, que, ao lado de Elissa, recorre a experiências pessoais delas e de conhecidos para contar como os telômeros podem influenciar diferentes aspectos da sua vida.

Mas, afinal, o que pode fazer um telômero crescer ou diminuir? Ao longo do livro, a dupla de pesquisadoras apresenta fatores tão distintos quanto genética, nível de estresse, alimentação (prefira a dieta mediterrânea), exercícios físicos (eles ajudam os telômeros, mas em excesso podem ser um problema) e até mesmo a sensação de segurança do bairro onde a pessoa vive. De todos esses, Elizabeth não hesita em citar o estresse como o maior vilão da vida moderna.

— Estudamos mães cujos filhos tinham doenças crônicas e mulheres na menopausa que estavam cuidando de um parente. Em todas elas, quão maior o estresse, mais baixos os telômeros estavam — observa.

Para resolver isso, a bióloga recomenda a meditação. Ela mesma chegou a participar de um retiro com um mestre budista especializado em técnicas de consciência plena. O estudo descobriu que os participantes do tal retiro tinham telômeros mais saudáveis do que quem ficou na lista de espera.

— Há pesquisas em fase inicial que testam se mudanças no estilo de vida, como deixar de ser sedentário, podem melhorar o sistema de envelhecimento das células. Devemos ouvir mais delas ano que vem.

Enquanto isso, há empresas que investem em verdadeiras pílulas da juventude. Elizabeth é completamente contra, e diz que tais suplementos podem acabar acelerando além da conta o crescimento dos telômeros, o que pode gerar até câncer. Para ela, a melhor solução é apostar na qualidade de vida e buscar uma missão pessoal, não importa a idade.

—Uma ideia sobre envelhecer é de que você gostaria das coisas cada vez mais fáceis, mas descobri que o que eu precisava era de um propósito — diz ela sobre sua experiência própria.

 

Da Redação G1

 

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