Em entrevista à EXPRESSO, líder estudantil defende auditoria interna na UEPB e cobra diálogo pelo fim da greve

Publicado em terça-feira, maio 23, 2017 · Comentar 


“Seria importante, se possível, nesse momento, iniciar-se uma auditoria interna da administração dos recursos da UEPB. Por outro lado, é preciso que o governador, sente-se com as classes (funcionários, professores e estudantes) e busque compreender, sensibilizar-se com a realidade de nossa instituição”, defende o estudante Igor Bento, líder estudantil com forte atuação no Campus de Guarabira em entrevista a Revista EXPRESSO, edição de nº 27.

Nesse momento de crise em que passa a comunidade acadêmica daquela instituição, EXPRESSO procurou entender um pouco do que se passa nesse ‘cabo de guerra’ entre servidores em greve e o Governo do Estado, na visão de quem vive o cotidiano do outro lado do conflito, mas tão envolvido quanto as outras partes.

Confira a seguir a íntegra da entrevista:

IGOR BENTO

“Acredito nas oportunidades iguais, por conhecer de perto a marginalização e inferiorização das pessoas”

 

Igor Bento, 21 anos, estudante, liderança estudantil com forte atuação na Universidade Estadual da Paraíba. Nesse momento de crise em que passa a comunidade acadêmica daquela instituição, EXPRESSO procurou entender um pouco do que se passa nesse ‘cabo de guerra’ entre servidores em greve e o Governo do Estado, na visão de quem vive o cotidiano do outro lado do conflito, mas tão envolvido quanto as outras partes. O jovem combativo do movimento estudantil, fala de sua militância política, faz uma análise da atual realidade brasileira e expõe seus projetos para o futuro.

RE – Quando iniciou sua militância política? 

Igor Bento – Sendo especifico, começo minha militância política sob forte influência da teologia da libertação junto ao movimento secundarista em 2011, quando estudava o 9º ano do ensino fundamental e passo a me engajar na política partidária já em 2012. Em 2015 me filio ao PMDB partido que deixei recentemente, migrando para o PT.

RE – Como a sua atuação no ME tem contribuído para a sua formação política?

Igor Bento – O ME é importante sobretudo pela oportunidade de troca de experiências e socialização de ideias formadoras.

RE – Qual a real situação da UEPB e o que o movimento grevista e o ME propõe para resolver eventuais dificuldades enfrentadas?

Igor Bento – A UEPB passa por uma fase de sucateamento estrutural e institucional. Nossos campis não oferecem estruturas adequadas, enfrenta-se uma grave crise de gestão, os salários do funcionalismo congelados, e cortes bruscos nos recursos da instrução. Propomos o diálogo com a sociedade paraibana a respeito da defesa à esta instituição (UEPB), buscamos aglutinar forças da classe políticas e pressionar os poderes para que escutem o nosso grito de socorro, a princípio essa é nossa proposta. A partir desse diálogo temos diversas questões pontuais que merecem ser abordadas e discutidas.

RE – O Governo do Estado alega que o dinheiro é mau investido e a universidade diz que o dinheiro é pouco. Quem está com a verdade?

Igor Bento – Ambos podem estar com a verdade. Seria importante, se possível, nesse momento, iniciar-se uma auditoria interna da administração dos recursos da UEPB. Por outro lado, é preciso que o governador, “bom progressista” que aparenta ser, sente-se com as classes (funcionários, professores e estudantes) e busque compreender, sensibilizar-se com a realidade de nossa instrução através desse diálogo e exponha suas comprovações a respeito da má administração do recurso (se assim de fato é).

RE – Porque os jovens parecem estarem apáticos a cena política brasileira?

Igor Bento – A juventude não se sente representada pela classe política de nosso país, e o faz com justiça, pois de fato não nos representa enquanto multidão que somos, nós, brasileiras e brasileiros. Entretanto, não percebe que somos nós quem permitimos e alimentamos o sistema de extorsão política que fragiliza essa nação. O processo de alienação por meio da mídia também contribuiu pra que essa geração seja desinteressada da participação cidadã, mas, consumista, exploradora sem se permitir conhecer as opressões do capital e do Estado.

RE – Qual a sua avaliação sobre o momento que o país vive?

Igor Bento – Estamos em um processo de desestabilização da Geopolítica Internacional. No Brasil, a conjuntura atual nos coloca diante do desmantelamento “do público” e do Estado de Garantias. Um desgoverno que a nação permite estar de pé, mesmo com mais de 90% de reprovação, cujo o projeto político não passaria nas urnas tem destruído os sonhos do povo brasileiro.

RE – Você se filiou ao PT recentemente. Porque o PT?

Igor Bento – Estar no PT já era um plano em 2014, entretanto as questões locais me levaram a construir em outra sigla, mas a postura antidemocrática de seus líderes, sobretudo dentro das estruturas do partido, me fizeram deixa o PMDB e passar a contribuir com o Partido dos Trabalhadores.

RE – Qual a sua pretensão política para o futuro? 

Igor Bento – Eu acredito que podemos contribuir em todos os espaços e ocupar o espaço político de todas as formas possíveis. Nunca descartei uma possibilidade de pôr meu nome à disposição dos companheiros, mas acho que essa é uma construção para longo prazo. Temos muito o que conquistar ainda a partir da base.

Da Redação 
Do ExpressoPB

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