Leia a coluna Conversa Franca de Aninha Ferreira na EXPRESSO, edição nº 26: “Livrai-nos dos mal, Amém”

Publicado em terça-feira, março 28, 2017 · Comentar 


Algumas vezes não consigo nomear o comportamento de algumas pessoas. Ainda me surpreendo com a capacidade infeliz que um ser humano tem de pisar na grama verde do vizinho por puro despeito, de praticar maldade, desejar e soltar fogos de artifício com a desgraça alheia, sambar na ferida do outro de salto 15 até vê-la sangrar, praticar falsidade, hipocrisia, ingratidão, inveja e picuinha. A insensibilidade de alguns com o sofrimento de outros assusta qualquer pessoa que ainda carrega um pingo de fé na humanidade. A cada manhã, ao colocarmos os pés para fora de casa, estamos sujeitos aos olhares críticos e invejosos e aos dedos apontados de gente que já amanhece arquitetando planos mirabolantes para derrubar o sorriso, o otimismo, a esperança e os sonhos de quem mal conhece. Isso é espantoso! Agem como se fossem inatingíveis, destilam seus venenos e desejam pragas aos outros como se nenhum mal lhes alcançasse. É uma gente tão sem jeito, tão medíocre, tão sem amor no peito, que só Deus mesmo para nos defender.

Andamos carentes de gente do bem. De gente que goste da gente de verdade e não nos jogue num canto qualquer. Que se preocupe com outra coisa que não seja o próprio umbigo, que ofereça a mão, o colo, o coração e não nos esfaqueie na primeira oportunidade. Onde estão os nossos verdadeiros amigos? Com quem realmente podemos contar, na alegria e na tristeza, na ascensão e no declínio? Andamos nos decepcionando frequentemente com pessoas que até pouco tempo dividiam a mesa conosco e nos abraçavam como irmãos – os discípulos de Judas não param de se manifestar por aí, cada vez mais habilidosos. Amigos e amores que desconhecem o significado da lealdade, que nos ferem sem a menor piedade e saem desfilando seus troféus de infidelidade, debochando e prejudicando sem o menor remorso. Valores morais substituídos por reais no bolso. Já não acreditamos mais nas pessoas que de tantas maneiras se mostram tão impuras, imaturas, inseguras, incapazes de sinceridade e gestos de solidariedade, bondade e bom senso.

Aqui é selva, amigo. É cobra engolindo cobra. Cada um por si e o resto que se exploda, com raríssimas exceções. É pesado dizer isso, mas é a mais pura e cruel realidade. Se puxar o tapete de alguém for o requisito para alguns conseguirem o que querem, não se preocupe, ele será muito bem puxado. Para ajudar são poucos, mas para prejudicar tem um em cada esquina. Sofre diariamente quem acredita cegamente em todo aperto de mão, em todo discurso bonito e sorriso amarelo. “Coração dos outros é terra que ninguém anda”, portanto, desconfiar é preciso. No mundo de hoje é uma questão de sanidade e sobrevivência. Sinto por pessoas que não sabem ver a felicidade de outras e procuram meios para prejudicá-las. É difícil compreender o motivo pelo qual alguém se ocupa em destruir a imagem e o sossego de quem vive a sua vida sem agredir quem quer que seja. Sinto muito porque gente assim não vive bem, não é feliz e, ainda por cima, não evolui; cresce feito rabo de cavalo. Gente que esquece que o mundo gira numa sabedoria surpreendente e coloca caçador no lugar da caça; gente que esquece que Deus conhece as nossas ações mais discretas e até mesmo os nossos pensamentos.

Somos todos imperfeitos. Cometemos erros, pensamos e fazemos coisas desagradáveis algumas vezes, mas somos capazes de mudar, pedir desculpas, melhorar, fazer diferente, aprender e seguir em frente. Não se julgue melhor do que o outro. Deixe de lado o “eu acho é pouco”. Não se ache no direito de criticar, solucionar e ditar regras quando não sente na pele o que o outro sente. Quando a dor não bate dentro da gente é muito fácil discursar, não é mesmo? Não seja você a pessoa que atira a pedra, desmotiva e diminui. Que critica, julga e magoa. Que joga o balde de água fria no sonho do outro. Que aumenta, inventa, espalha fofocas, difama e se mete no que não é da sua conta. Que finge aplaudir, mas fica nos bastidores cometendo suas pequenas maldades. Que se entristece com o sorriso alheio. Que cutuca a ferida e só sossega quando o sangue escorre. Que diz o tempo todo que não vai dar certo, que é impossível, que não vale a pena. Que não faz o bem para não ver a felicidade no outro. Que vive competindo com quem diz admirar.

A regrinha é simples, mas pouca gente pratica: não faça com o outro o que não gostaria que o outro fizesse com você. Se não quer ajudar, não atrapalhe. Se não tem nada de bom para dizer, cale-se. Quem realmente está em paz, não tira a paz de ninguém. Quem está feliz não se incomoda com a felicidade de ninguém. Fique bem e espalhe o bem também. Seja bom, tente ser. Bondade também se aprende. Um abraço!

Aninha Ferreira
Graduada em Lic. Plena em Letras 
Contato com a Coluna: claudianne_13@hotmail.com
Fev/Mar – 2017 – Revista EXPRESSO, edição nº 26

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